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05/04/2013

Informação: XVII vs. XXI

Desde a invenção da escrita, a disseminação e troca de conhecimentos tem sido o grande objetivo da comunicação. Compartilhar experiências, sugerir idéias e apontar caminhos são coisas cada vez mais integradas ao nosso dia-a-dia, que acrescentam muito à paleta cultural de um ser humano. Mas antes dos telefones e das mensagens de texto, como avisaríamos aos nossos amigos sobre a próxima sessão disponível no cinema?
Bom, no século XVIII, as pessoas tinham preocupações um pouquinho diferentes: estourava a todo vapor a chamada Era das Revoluções. Mas o que isso tem a ver com informação?
Tudo.
 A Era das Revoluções talvez tenha sido o traço mais forte da época que remetesse à futura globalização que vivemos hoje. É um período que nunca pode ser explicado por pedacinhos, uma vez que cada fato, guerra e revolta política é amarrado e enrolado a algum evento anterior e outro posterior. Foram os ventos do espírito pulsante da revolta entrando nos pulmões dos revolucionários por todo o mundo!
             Diversos registros históricos são prova dessa interligação: primeiramente a Revolução Francesa que, apesar de ter seus resquícios contidos pela Santa Aliança, nunca deixou de ecoar nos ouvidos dos revoltosos. A ideia de "igualdade, liberdade e fraternidade" guiava todos a sonhos por um país mais igualitário. Essa ideia de mudanças levou a movimentos separatistas na América Latina; revoluções nos parlamentos da Escandinávia, Grã-Bretanha e Países Baixos e até mesmo movimentos liberais na Rússia.
Além disso, na França (o grande foco revolucionário da época) houve o polêmico Luís XVIII, escolhido para governar pelos próprios legitimistas do Congresso de Viena, que na verdade estava só fantasiado de absolutista e sugeria uma monarquia constitucional. Isso ficou tão fixado na cabeça dos franceses que estes lutaram bravamente contra o regime já batido do governante seguinte, Carlos X, que ignorou qualquer cheiro de revolta na França e defendeu o absolutismo sem discussões. As oposições a ele (Jornadas de Julho) foram o primeiro passo para o processo gradativo de conquista de tantos franceses: a república!
             Bom, como podemos ver, foi uma era bem agitada essa Era das Revoluções. Muito sangue jorrando, muita arminha de chumbo e muito francês falando palavrão. E a troca (ainda que precária) de informações foi o que possibilitou que os cidadãos vissem que, em alguma parte da história ou do planeta, existira ou existia uma situação melhor do que a que eles vivenciavam. E, se os outros tinham aquilo, eles queriam para si também.
             Agora pensemos: eles fizeram todos esses movimentos grandiosos, sobre os quais ainda comentamos 300 anos depois, sem uma única publicação no Facebook. E hoje em dia, o que fazemos com nosso leque de possibilidades de meios de comunicação?
A revista Contigo!, terceira maior revista da Editora Abril e uma das principais do país, vende uma média de 203 mil exemplares por semana. Seu público consumidor é constituído principalmente por mulheres entre 24 e 35 anos, distribuídas nas classes sociais A, B e C. Entrando hoje (29/03/2013, 11h42) em seu site oficial, vejamos as três primeiras manchetes dentre as sete principais:
"Noite de gala
Ana Maria Braga, Xuxa, Angélica, Fátima Bernardes e outros famosos prestigiaram o lançamento da nova programação da TV Globo"
"Com quem será?
Salve Jorge está chegando ao fim e Théo (Rodrigo Lombardi) terá que decidir com quem vai ficar: Morena ou Érica. Com quem você quer que ele fique? Vote aqui"
"Bruna Marquezine:
''A gente faz escolhas e elas têm consequências'', diz sobre namoro com Neymar"

O que será que os revolucionários de 300 anos atrás pensariam de nós?

Este trabalho foi realizado pela aluna Marcela Borges do Colégio Universitas – Ensino Médio em Santos, SP. 

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