Desde a invenção da escrita, a disseminação e troca de conhecimentos tem
sido o grande objetivo da comunicação. Compartilhar experiências, sugerir
idéias e apontar caminhos são coisas cada vez mais integradas ao nosso
dia-a-dia, que acrescentam muito à paleta cultural de um ser humano. Mas antes
dos telefones e das mensagens de texto, como avisaríamos aos nossos amigos
sobre a próxima sessão disponível no cinema?
Bom, no século XVIII, as pessoas tinham preocupações um pouquinho diferentes:
estourava a todo vapor a chamada Era das Revoluções. Mas o que isso tem a ver
com informação?
Tudo.
A Era das Revoluções talvez
tenha sido o traço mais forte da época que remetesse à futura globalização que
vivemos hoje. É um período que nunca pode ser explicado por pedacinhos, uma vez
que cada fato, guerra e revolta política é amarrado e enrolado a algum evento
anterior e outro posterior. Foram os ventos do espírito pulsante da revolta
entrando nos pulmões dos revolucionários por todo o mundo!
Diversos
registros históricos são prova dessa interligação: primeiramente a Revolução
Francesa que, apesar de ter seus resquícios contidos pela Santa Aliança, nunca
deixou de ecoar nos ouvidos dos revoltosos. A ideia de "igualdade,
liberdade e fraternidade" guiava todos a sonhos por um país mais
igualitário. Essa ideia de mudanças levou a movimentos separatistas na América
Latina; revoluções nos parlamentos da Escandinávia, Grã-Bretanha e Países
Baixos e até mesmo movimentos liberais na Rússia.
Além disso, na França (o grande foco revolucionário da época) houve o
polêmico Luís XVIII, escolhido para governar pelos próprios legitimistas do
Congresso de Viena, que na verdade estava só fantasiado de absolutista e
sugeria uma monarquia constitucional. Isso ficou tão fixado na cabeça dos
franceses que estes lutaram bravamente contra o regime já batido do governante
seguinte, Carlos X, que ignorou qualquer cheiro de revolta na França e defendeu
o absolutismo sem discussões. As oposições a ele (Jornadas de Julho) foram o
primeiro passo para o processo gradativo de conquista de tantos franceses: a
república!
Bom,
como podemos ver, foi uma era bem agitada essa Era das Revoluções. Muito sangue
jorrando, muita arminha de chumbo e muito francês falando palavrão. E a troca
(ainda que precária) de informações foi o que possibilitou que os cidadãos
vissem que, em alguma parte da história ou do planeta, existira ou existia uma
situação melhor do que a que eles vivenciavam. E, se os outros tinham aquilo,
eles queriam para si também.
Agora
pensemos: eles fizeram todos esses movimentos grandiosos, sobre os quais ainda
comentamos 300 anos depois, sem uma única publicação no Facebook. E hoje em
dia, o que fazemos com nosso leque de possibilidades de meios de comunicação?
A revista Contigo!, terceira maior revista da Editora Abril e uma das
principais do país, vende uma média de 203 mil exemplares por semana. Seu
público consumidor é constituído principalmente por mulheres entre 24 e 35
anos, distribuídas nas classes sociais A, B e C. Entrando hoje (29/03/2013,
11h42) em seu site oficial, vejamos as três primeiras manchetes dentre as sete
principais:
"Noite de gala
Ana Maria Braga, Xuxa, Angélica, Fátima Bernardes e outros famosos
prestigiaram o lançamento da nova programação da TV Globo"
"Com quem será?
Salve Jorge está chegando ao fim e Théo (Rodrigo Lombardi) terá que
decidir com quem vai ficar: Morena ou Érica. Com quem você quer que ele fique?
Vote aqui"
"Bruna Marquezine:
''A gente faz escolhas e elas têm consequências'', diz sobre namoro com
Neymar"
O que será que os revolucionários de 300 anos atrás pensariam de nós?
Este trabalho foi realizado pela aluna Marcela Borges do Colégio
Universitas – Ensino Médio em Santos, SP.
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