“Astrônomos criam método para buscar vida em planetas fora do nosso sistema solar. Testada com a Terra, a técnica inovadora, que se baseia na análise da luz planetária, se mostrou eficaz ao detectar vida em nosso planeta”.
Por: Sofia Moutinho
A jornalista do Instituto Ciência Hoje (ICH), Sofia Moutinho, trata em seu artigo de uma forma inteligente e clara a possibilidade da criação de uma nova técnica para a identificação de traços de vida fora da Terra, sem a necessidade de visitar esses planetas. O método consiste em analisar a luz que esses planetas refletem de seus sóis. Essa luz refletida contém informações a respeito da superfície e da atmosfera do planeta. Dependendo do que a luz encontra em seu caminha (gases, água, nuvem), ela forma ângulos diferentes, e esse ângulo junto com as diferentes combinações de gases (oxigênio, nitrogênio, metano) são os marcadores para definir se existe possibilidade de presença de vida ou não.
“Investigar um exoplaneta com as técnicas tradicionais é como tentar estudar uma partícula de areia na superfície de uma lâmpada bem potente”, exemplifica o astrônomo Michael Sterzik, do Observatório Europeu do Sul (ESO). A nova técnica nos permite ignorar a radiação refletida pelo planeta e suprimir a luz não polarizada vinda das estrelas, fatores que dificultavam na investigação do corpo celeste, dessa forma concentrar em apenas sinais mais importantes. O planeta Terra foi o cobaia dos testes, em diferentes épocas do ano, captaram com um telescópio a luz do Sol refletida na Terra, identificando suas propriedades. Como o telescópio fica no solo, no deserto do Atacama, no Chile, os pesquisadores analisaram a luz refletida que o nosso planeta projeta na Lua, chamada luz cinérea.
A luz cinérea, visível à olho nu, é a luz que ilumina a parte escura da Lua nos possibilitando enxergar o contorno completo lunar. Nesse experimento, a Lua foi usada como espelho, para ver como a luz refletida pela Terra é vista do espaço. Essa luz passou pelo processo de identificação e as propriedades captadas foram compatíveis as da Terra. Mostrando um planeta de atmosfera parcialmente nublada, com parte do solo ocupado por oceanos e gases típicos da presença de vegetação.
“O objetivo final é estabelecer uma técnica astronômica viável para estudar e analisar as atmosferas e as superfícies de exoplanetas”, afirma Sterzik. “Para isso, estamos convencidos de que a utilização da Terra, único exemplo conhecido de um planeta com vida, é essencial”.
Porém, essa técnica só pode ser utilizada em atmosferas de exoplanetas gigante com os telescópios atuais, ainda não podendo ser usada para avaliar com mais refinamento, pois é necessário uma nova geração de “supertelescópios”. Sendo que a previsão da criação do ELT (Extremely Large Telescope ) é apenas para 2020. Ainda sim, é ressaltado que caso a descoberta seja feita algum dia, ainda poderá demorar. “A potência do ELT, somada a instrumentos delicados sensíveis à luz polarizada, vai ser muito útil para caracterizarmos a composição da atmosfera dos exoplanetas”, diz. “No entanto, a detecção de marcadores de vida nesses astros, como oxigênio e água, que permitam inferir a presença de vida como a da Terra, será desafiante”. E completa: “Esse é um caminho esperado, mas muuuuito longo”.
MOUTINHO, Sofia. Nova Luz. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2012/02/nova-luz/?searchterm=Nova+luz>. Acesso em: 22/03/2013
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