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07/04/2013

Holocausto e Santa Maria: mesmo gás, situações diferentes

Infelizmente, no dia 27 de janeiro 2013, lembranças já há muito amortecidas, vieram a queimar novamente. No último domingo do mês, 241 jovens morreram de maneira brutal como já havia acontecido nas câmaras de extermínio comandadas por Adolf Hitler.
 
  • Como funcionavam as câmaras de gás na 2ª Guerra Mundial?




A forma mais eficaz que Adolf Hitler encontrou de executar milhões de pessoas foram as câmaras de gás. Elas funcionavam da seguinte forma: alguns oficiais da SS (“polícia militar” de Hitler) chamavam os prisioneiros para tomar um banho e colocar roupas limpas. Junto com o banho era liberado pela ventilação, o gás mortal – Gás cianídrico (conhecido na época como Zyklon B.). A morte era “lenta” e dolorosa, demorava alguns minutos e antes do óbito por asfixia celular, ocorriam crises convulsivas, sangramento e perda das funções fisiológicas. Após trinta minutos, com todos na câmara, já mortos, os oficiais sugavam o gás para a retirada dos corpos, que no começo eram enterrados, mas depois para evitar acusações de crimes de guerra, os corpos começaram a ser queimados.
Porém, as câmaras de gás não foram as primeiras formas utilizadas para realizar o extermínio. Anteriormente a elas, os prisioneiros eram trancados em caçambas de caminhões e o monóxido de carbono eliminado pelo escapamento era jogado dentro dela. Mas, conforme a quantidade de prisioneiros aumentava as caçambas ficaram pequenas. Logo a técnica foi passada para salas trancadas que comportavam em média 800 pessoas, e dali não demorou muito para o monóxido de carbono ser substituído por gás cianídrico, mais barato e eficiente. A primeira utilização do gás cianídrico foi em 1941 em prisioneiros russos.
 
  • O que ocorreu em Santa Maria?
 
 Por volta das 2h da manhã do dia 27 de janeiro de 2013 após o lançamento de um sinalizador por parte do vocalista da banda Gurizada Fandangueiro, iniciou-se um incêndio que rapidamente se espalhou graças ao material altamente inflamável e de má qualidade utilizado no revestimento acústico da boate Kiss. Essa espuma ao entrar em contato com o fogo liberou HCN e CO o que causou asfixia celular naqueles que não conseguiram sair pela única porta existente no local. A espuma foi encontrada em aproximadamente um terço da boate, mais do que suficiente para transformar a pequena casa noturna em uma grande câmara de gás de forma não intencional. Existem materiais resistentes ao fogo para esse tipo de revestimento, porém seu valor é muito mais elevado do que o utilizado para revestir a boate.
 
  • Como acontece a morte pelo gás cianeto?

  Tanto os jovens quanto os prisioneiros morreram por asfixia celular, uma característica marcante da morte por cianeto.
            O cianeto rigorosamente puro é estável, diferentemente dos comercializados. A espuma de poliuretana utilizada como isolante sonoro na boate Kiss, é composta por uma estrutura de isocianato. Esta quando é aquecida libera cianeto, que em contato com o vapor de água transforma-se em ácido cianídrico. Foi exatamente isso que ocorreu a boate em Santa Maria, através de um incêndio ocasionado pela utilização de um sinalizador para efeitos pirotécnicos.

    A intoxicação por gás cianeto pode ocorrer tanto pela inalação e ingestão, como via cutânea (pela pele). Além de ele ser inodoro e incolor, fazendo com que seja ainda mais perigoso. Sua alta toxicidade se deve ao fato dele se ligar as moléculas de ferro presentes nas hemoglobinas, bloqueando então a cadeia de transporte de oxigênio e gerando uma parada de respiração interna: “É como se as células estivessem com falta de ar. Existe o oxigênio, mas elas não conseguem usar”, explica o farmacologista Daniel Junqueira Dorta, professor do departamento de química da USP de Ribeirão Preto e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia. Portanto, ao invés de transportar oxigênio para o tecido, as hemácias passam a transportar o ácido cianídrico, desta forma matando as pessoas expostas por sufocamento.



  • E por CO?

O nosso organismo após inalar a fumaça tóxica de monóxido de carbono (gás gerado na queima de substâncias orgânicas) tenta combater a fumaça que neste momento já esta dentro do pulmão, ao fazer isso, ela acaba por romper o tecido pulmonar, fazendo com que onde deveria entrar o ar, tenha sangue. “Nesses casos, as pessoas ficam com as extremidades arroxeadas por causa da falta de oxigenação” afirma Dorta. Podemos simplificar sua ação desta forma:



Na tragédia da boate Kiss os dois aconteceram ao mesmo tempo, fazendo com que as pessoas que não saíram em aproximadamente 4 minutos, não tivessem chances de sobreviver. Já na segunda guerra mundial nos campos de concentração, as vítimas do extermínio morreram de forma mais lenta, e não tiveram a possibilidade de lutar pela sua vida.
Relacionando essas duas tragédias, podemos citar o fato de que, no holocausto, as vítimas morriam de forma premeditada e muito bem elaborada, já na boate Kiss, graças a pouca infraestrutura e uma série de pequenos falhas e descuidos, levaram de maneira não intencional ao mesmo fim que milhões de pessoas tiveram nas câmaras de gás.

 
Bibliografia


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