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06/04/2013

Resenha: a principal estrutura galáctica




O lado escuro da Via Láctea

Leo Blitz

                   O artigo publicado por Leo Blitz, atual professor da University of California, trata das estruturas galácticas, em especial a matéria-escura, o qual é o material dominante na constituição do Universo. O autor inicia seu texto fazendo comentários a respeito da sua pós-graduação na University of California, em 1978, cujo estudo baseou-se na medição das velocidades rotacionais das nuvens moleculares (compostas majoritariamente por hidrogênio, são sítios de formação estelar na parte exterior do disco da Via Láctea), desenvolvendo o método mais acurado para determiná-las, e juntamente com dois outros especialistas em Via Láctea, Frank Shu e Ivan King, Leo Blitz chegou à conclusão de que a matéria escura existe em abundancia na Via Láctea, especialmente na sua parte mais externa. Infelizmente, a dúvida do autor permaneceu: do que seria feita a matéria-escura? Segundo o autor, todas as suas ideias, as quais ele não cita no texto, para responder essa questão se mostraram erradas.


Andrômeda é um exemplo de galáxia espiral. A curva de rotação (acima) mostra como o valor da velocidade cresce até um máximo, e depois diminui. Contrariando as expectativas, procedendo em direção à margem externa, a velocidade se estabiliza sobre um valor constante. O fenômeno pode ser explicado pela suposição de existência de matéria não-luminosa.
                A ideia de uma “matéria faltante” (o que corresponde a matéria-escura) iniciou-se em 1930, quando o suíço Fritz Zwicky inferiu a massa total de um aglomerado de galáxias a partir do movimento das galáxias que o compõem. O valor não batia com as estimativas feitas a partir do número de galáxias e de seu brilho. Zwicky concluiu que devia haver alguma forma invisível de matéria para manter o aglomerado coeso. Porém, essa ideia só ganhou força, a partir dos anos 1970, quando se constatou que todas as estrelas das galáxias em forma de espiral giravam em velocidade constante ao redor de seu centro. Se não houvesse qualquer outro tipo de matéria presente, seria de se esperar que as estrelas na parte externa da galáxia girassem em velocidade inferior, ao contrário do que indicavam as observações. Portanto a importância do artigo está justamente no fato de tentar entender um pouco mais sobre essa matéria invisível que dá conta de cinco vezes mais massa que a matéria comum, pois ao conseguir identificar e detectar a partícula que a compõem muitos mistérios sobre a origem do Universo estarão resolvido, e até mesmo, como diz o autor, leis de grandes gênios da ciência poderão estar erradas, como a lei gravitacional de Newton, e a relatividade geral de Einstein. Apesar de não ser de fácil entendimento, e necessitar de alguns conceitos prévios de física e astronomia, o artigo nos ajuda a entender um pouco melhor o Sistema em que vivemos e que não sabemos como surgiu e nem quanto tempo mais permanecerá do jeito de que está.

                Já que a ideia da matéria-escura só ganhou força a partir da década de 70, e a pós-graduação de Leo Blitz ocorreu em 1978, o próprio autor o considera um dos estudos que forçaram os astrônomos a concluir que a matéria-escura é uma substância misteriosa que não absorve, nem emite luz e que se revela pela sua influência gravitacional sobre as matérias visíveis como estrelas e gases. Esse efeito infere nas velocidades de rotação da matéria visível, sugerindo onde a matéria escura está localizada, conforme é tratado no artigo: ela “está distribuída mais ou menos esfericamente e se estende muito além do halo estrelar (nuvem esférica de estrelas ao redor da galáxia e outras galáxias espirais) com uma densidade mais alta no centro que vai diminuindo na proporção do quadrado da distância ao centro. Essa distribuição seria o resultado natural do que os astrônomos chamam de aglomeração hierárquica: a proposição de que, no universo inicial, galáxias menores se juntavam para formar maiores, incluindo a Via Láctea.”.
                É a evidência de que esse material não é homogeneamente distribuído e que há uma disparidade que, segundo Leo Blitz, permite explicar a existência e o tamanho da deformação galáctica (distorção específica na periferia do disco o qual consiste quase que inteiramente de gás de hidrogênio). Nos anos 50 acreditavam que a distorção do disco era resultado das forças gravitacionais exercidas pelas Nuvens de Magalhães, as duas galáxias satélites mais massivas em órbita da Via Láctea. Porém, cálculos do autor, os quais ele não expõe no artigo, fizeram-no acreditar que as forças exercidas por essas galáxias-satélites são fracas demais para explicar o efeito da deformação, mas seriam responsáveis pela criação de um rastro na matéria escura, gerando irregularidades na sua distribuição. Portanto, para ele, a deformação está diretamente relacionada à matéria-escura, e a partir disso, ele segue duas principais explicações: a primeira é de que a Via Láctea é esférica, mas não concêntrica ao seu halo de matéria escura, ou o halo de matéria escura é em si um pouco assimétrico. Porém essas duas hipóteses colocam em dúvida a teoria de que o halo e a Via Láctea se formaram juntos a partir da condensação de uma única nuvem gigantesca de material, pois se isso acontecesse, a matéria escura estaria concentrada num mesmo ponto que a matéria comum. O autor acredita que essa assimetria é mais uma evidência de que a galáxia “formou-se a partir da fusão de unidades menores, ou cresceu pela fusão contínua ou agregação de gás intergaláctico”. De forma um tanto quanto confusa, na parte do seu texto denominada “Galáxias perdidas”, para pessoas leigas no assunto, Blitz apresenta uma maneira, que segundo ele, serviria para confirmar essa teoria utilizando o estudo de galáxias anãs esferoidais, devido sua composição simples. Nesse trecho, ele trata que a formação das galáxias ocorre por um processo de aglomeração de matéria escura que acrescem gás e estrelas para formar sua parte visível. Esse processo não produz apenas galáxias de grande porte, mas também galáxias anãs. Essas são galáxias-satélite da nossa própria Via Láctea, que possuem grandes quantidades de matéria-escura e, em alguns casos, apenas centenas de estrelas, por isso dizem que sua composição é mais básica. Outra hipótese levantada por Blitz, é que a Via Láctea seja orbitada por galáxias mais fracas do que as anãs ultrafracas, as galáxias escuras, tão escuras que nem teriam estrelas, ou até mesmo gases. Se isso for verdade, essas galáxias revelariam sua presença apenas pela força gravitacional exercida pela matéria escura sobre a matéria convencional.
Esta galáxia anã esferoidal encontra-se na constelação da Fornalha, é satélite da Via Láctea e é uma das 10 usadas na pesquisa de matéria escura do Fermi. Os movimentos das estrelas da galáxia indicam que está embebida numa halo massivo de matéria que não pode ser vista.
                O autor cita em seu texto que Erik Tollerud e seus colaboradores da University of California predizem que por volta de 500 galáxias ainda não descobertas orbitam a Via Láctea a distâncias de até um milhão de anos-luz do centro. Os cientistas serão capazes de detectar essa suposição através de um novo instrumento, o Large Synoptic Survey Telescope que começou a ser construído em março de 2011. Além disso, um outro telescópio, o Spitzer Space Telescope tem sido utilizado para detectar as galáxias escuras de até, aproximadamente, 300 mil anos-luz do centro galáctico. Porém, segundo Blitz, essas galáxias escuras colocam em dúvida os astrônomos em relação a quantidade de material que elas contêm. Geralmente, a massa de uma galáxia é dada pela razão entre massa/luminosidade, no caso do Sol, sua razão é igual a 01, ou seja, é muito baixa devido a sua grande luminosidade. No texto, são citados Josh Simon e Marla Geha, professores da Carnegie Institution of Washington e Yale University, respectivamente, os quais mediram a razão massa-luminosidade de oito anãs ultrafracas, as quais, em alguns casos, apresentaram esse valor superior a 1000, devido à baixa presença de luz graças à elevada quantidade de matéria-escura, que por definição anterior, não emitem, nem absorvem luz.
                Leo conclui seu artigo falando que a matéria escura continua sendo um enigma, que está desafiando físicos a identificar sua composição, mas ao mesmo tempo, que está promovendo uma vasta gama de respostas a fenômenos astronômicos. No dia 03 de Março de 2013, informações do jornal O Estado de S. Paulo traz a possibilidade de cientistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) e da Nasa terem descobertos pistas da existência da matéria-escura, após 18 anos de pesquisas. Essa possível descoberta está no fato de que houve uma constatação de uma ampliação de pósitrons (um tipo de antimatéria), que teriam sido produzidos pelo choque entre partículas da matéria escura. Porém, ainda não há certeza da descoberta. 


 

Bibliografia:

MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. A beleza acessível das Nuvens de Magalhães. Disponível em:<http://super.abril.com.br/universo/beleza-acessivel-nuvens-magalhaes-440137.shtml> Acessado em: 03/04/2013.

ORTIZ, Roberto. Seminário: Formação estelar massiva em nuvens moleculares do hemisfério sul. Disponível em:<http://www.iag.usp.br/evento/semin%C3%A1rio-forma%C3%A7%C3%A3o-estelar-massiva-em-nuvens-moleculares-do-hemisf%C3%A9rio-sul> Acessado em: 03/04/2013.


ESTEVES, Bernardo. O futuro da matéria escura. Disponível em:<http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/astronomia-e-exploracao-espacial/o-futuro-da-materia-escura/?searchterm=matéria escura> Acessado em: 03/04/2013.


Observações de galáxias anãs pelo FERMI providenciam novas informações sobre matéria escura. Disponível em:<http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2012/04/3_fermi_materia_escura.htm> Acessado em: 03/04/2013.


BLITZ, Leo. O lado escuro da Via Láctea. Disponível em:<http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/o_lado_escuro_da_via_lactea_imprimir.html> Acessado em: 03/04/2013.


Achados indícios do que pode ser a matéria escura. Disponível em:<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/04/04/achados-indicios-do-que-pode-ser-materia-escura.htm> Acessado em: 04/04/2013.
 


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