Eletricidade e a Química.
O artigo
desenvolvido por Maria da Conceição destaca a importância da energia elétrica
no desenvolvimento das sociedades humanas e nas suas relações. De modo
resumido, é apresentada a trajetória que levou à compreensão da eletricidade e
à sua utilização na descoberta de novos elementos químicos, bem como a
contribuição dos estudos do fenômeno elétrico para uma maior aproximação entre
a química e a física.
Energia é
definida como a capacidade que os objetos ou sistemas têm de realizar trabalho
ou o que se deve fornecer/retirar de um sistema material para transformá-lo ou
deslocá-lo. A manifestação da energia pode ocorrer em diversos fenômenos
levando-a a assumir variados significados como: calor, luz, trabalho, movimento etc.
Das mais
variadas formas apresentadas, calor e eletricidade foram de grande importância
para o desenvolvimento técnico - cientifico ao longo dos tempos.
A sociedade
moderna só existe a partir da eletricidade, que é responsável pela iluminação,
aquecimento, comunicação etc.
No século
17, impulsionados pela construção de aparelhos que ficaram conhecidos como
máquinas ou geradores eletrostáticos, as quais foram utilizadas para gerar
cargas elétricas na forma de centelhas, permitindo a utilização deste tipo de
eletricidade em diversos experimentos.
Em 1729,
Stephen Gray descobriu o importante fenômeno da condução elétrica e distinguiu
os corpos condutores de eletricidade e os não-condutores ou isolantes.
No mesmo
século surgiu a proposta do físico francês Charles François de divisão da
eletricidade em dois tipos: resinosa e vítrea. Objetos contendo eletricidade
resinosa eram atraídos por objetos com eletricidade vítrea e vice versa. E objetos com mesmo tipo elétrico eram
repelidos.
Em meados do
século 18 As centelhas elétricas passaram a ser usadas para produzir reações
químicas. Este recurso foi utilizado, por exemplo, na síntese da água realizada
pelo químico inglês Henry Cavendish; através da combinação dos gases hidrogênio
e oxigênio após a passagem da centelha na mistura de reação
Muitas tentativas
passaram a ser feitas para justificar a formação de compostos
químicos,incluindo a interação entre cargas positivas e negativas, e elas
seriam responsáveis pelas combinações químicas e foram chamadas de forças de afinidade.
O químico Jöns Jacob Berzelius
propôs uma teoria elétrica para as reações químicas de acordo com os átomos de
cada elemento que possui uma carga elétrica e polaridade definida, e
classificou os elementos de acordo com sua polaridade e ordem crescente de
carga. Segundo Berzelius, a combinação química consistia na atração das cargas
opostas e na neutralização da eletricidade com a liberação de calor entre os
polos opostos.
Átomos com um mesmo tipo
de carga elétrica não podiam se combinar e, portanto, não seria possível a
existência de moléculas diatômicas homonucleares (H2, O2, N2, Cl2), no século
19 esta teoria eletroquímica constituiu a base teórica do sistema dualístico
proposto por Berzelius, e influenciou a produção científica da química.
As pesquisas propostas
por Berzelius para produzir transformações químicas ajudaram o químico e Faraday
a encontrar relações de proporcionalidade entre a quantidade de matéria decomposta e a quantidade de eletricidade utilizada, colaborando a diversos
estudos envolvendo a eletricidade.
Faraday estabeleceu uma
nova nomenclatura para os pólos opostos presentes no sistema eletrolítico (anodo e catodo) e propôs o grau de
afinidade química de dois elementos (Ben-saude-Vincent e Stengers). Estes estudos
se constituíram de grande importância para o desenvolvimento da eletroquímica, colaborando
com a ideia de que as reações químicas eram resultantes de fenômenos elétricos.
mais, contribuindo para
estabilização da teoria atômica e a descoberta das partículas subatômicas.
A eletricidade e o
magnetismo foram de grande valorização para o desenvolvimento da física,
estabelecendo uma maior aproximação com a química e o grande avanço da ciência.
BIBLIOGRAFIA:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc12/v12a08.pdf
ARON, J.I.
The development of mod-
ern chemistry
. Nova Iorque: Dover, 1984.
p. 131.
BENSAUDE-VINCENT, B. e STENGERS,
I.
História da química
. Trad. de R. Gouveia.
Lisboa: Instituto Piaget, 1992. p. 158.
DEBEIR, J.C.; DÉLAGE, J.P
. e HÉMERY,
D.
Uma história da energia
. Trad. de S.S.
Brito. Brasília: Editora da UnB, 1993. p. 16.
KUHN, T.S.
A estrutura das revoluções
científicas
, Trad. de B.V. Boeira e N. Boeira.
São Paulo: Editora Perspectiva, 1996. p.
34-35, 88.
LAIDLER, K.J.
The world of physical
chemistry
. Nova Iorque: Oxford University
Press, 1993. p. 195.
LAIDLER, K.J.
To light such a candle
. Nova
Iorque: Oxford Univ. Press, 1998. p. 117, 119.
LEICESTER, H.M.
The historical back-
ground of chemistry
. Nova Iorque: Dover,
1971. p. 165.
RHEINBOLDT, H.
História da balança e a
vida de J.J. Berzelius
. São Paulo: Ed. Nova
Stella / Edusp, 1995. p. 103.
ROSMORDUC, J.
e da química - De Tales a Einstein.
Trad. de
L.V.C. Faria e N.V.C. Faria. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 1988. p. 88
TOLENTINO, M. e ROCHA-FILHO, R.C.
O bicentenário da invenção da pilha
elétrica.
Química Nova na Escola
, n. 11, p.
35-39, 2000
Nenhum comentário:
Postar um comentário