Análise do significado e da evolução do conceito de
força de Ampère, juntamente com a tradução comentada de sua principal obra
sobre eletrodinâmica
João Paulo de Castro Martins Chaib
A
tese de Doutorado na Unicamp do aluno João Paulo Martins de Castro Chaib
comenta a vida e os estudos de André-Marie Ampère, apresentando suas bases para
o início das pesquisas, experiências, teorias e descobertas, além de uma obra
publicada pelo físico traduzida para o português. O trabalho de Chaib é de difícil entendimento
para leigos em eletrodinâmica e pessoas sem conhecimento prévio dos trabalhos
de Ampère.
O texto visa analisar o caminho
percorrido por Ampère para chegar à sua força e é dividido em cinco partes,
sendo analisada nessa resenha somente a primeira, “Ampère e o Significado de
sua Força entre Elementos de Corrente”, em especial o segundo capítulo, que
trata especificamente da “Força de Ampère e o significado de seus termos”.
Após essa breve explicação, Chaib
começa a se aprofundar nos estudos sobre a força de Ampère, dizendo esta ter
sido obtida em 1822 e ser mais complexa do que a dos outros físicos citados a
cima, mostrando sua fórmula e o significado de cada fator:
Sendo n, k e h constantes
cujos valores determinados por Ampère são dados por: n= 2, k= -1/2, h= k-1 =
-3/2.
Antes de iniciar o possível
caminho que Ampère seguiu para obter a lei dada, o autor apresenta os elementos
principais da força entre elementos de corrente, a fim de facilitar o
entendimento do leitor sobre as partes seguintes do texto, como por exemplo a
explicação dos fenômenos magnéticos em termos da interação entre correntes
elétricas.
Portanto, o subitem 2.2 trata da
concepção de corrente elétrica para Ampère, o qual começou a estudar sobre isso
a partir do momento em que tomou conhecimento do trabalho fundamental de Ørsted (que concluiu que as cargas elétricas em movimento criam, numa região do espaço próximo a elas, um campo magnético, comprovando, assim, o aparecimento de um campo magnético juntamente com a passagem da corrente elétrica) durante a apresentação de Arago na Academia Francesa de Ciências em 4 e 11 de setembro de 1820. Diante disso, Ampère passou a se dedicar integralmente ao tema, o que ficou comprovado em uma carta, citada no texto, que ele enviou ao seu filho "[...] Desde que escutei falar
pela primeira vez da bela descoberta do Sr. Oersted, professor em Copenhagen,
sobre a ação das correntes galvânicas sobre a agulha imantada, tenho pensado
sobre isso continuamente, não tenho feito outra coisa que não escrever uma teoria
abrangente sobre estes fenômenos [...]".
Essa carta é importante não só para informar que Ampère já estava pensando na formulação de uma lei, mas também pelo fato de que descontrai um pouco um texto, pois a partir dela, percebe-se a sua vida além da parte da física. Outra importância destacada pelo autor é o reconhecimento do termo utilizado por Ampère (correntes galvânicas) para designar o que acontecia ao ligar um fio aos terminais de um pilha voltaica.
Cheio de exemplos, para reforçar aquilo que está sendo dito, Chaib cita, novamente, um trecho de algum artigo, dessa vez, trata-se do primeiro artigo publicado por Ampère sobre eletrodinâmica, no qual ele denomina atração e repulsão voltaica a atração e repulsão entre condutores com corrente constante. Nessa mesma época, por volta de 1820, Ampère substitui o termo "correntes galvânicas" por "corrente elétrica", que corresponde ao movimento da eletricidade que ocorre no interior da pilha, do polo cobre (polo negativo) ao polo zinco (polo positivo). Portanto, dessa forma, estava definido o sentido real da corrente elétrica (do - para o +).
Essa segunda parte do capítulo 2 termina com a declaração de Chaib a respeito de outras concepções de Ampère, como por exemplo: “em cada ponto no interior de um fio com corrente
existiriam dois fluxos de cargas elétricas, um de cargas positivas e outro de cargas
negativas, circulando com velocidades contrárias em relação ao condutor” (figura a baixo) e que a corrente elétrica estaria confinada, apenas, no interior dos fios.
O terceiro subitem inicia-se com uma retomada do segundo, porém com um acréscimo. Apesar de Ampère ter definido que as cargas movem-se, em relação ao fio ,em velocidades opostas, ele adotou as cargas positivas como referencia ao termo "corrente elétrica". Por isso, é que hoje utilizamos, como sentido usual, do positivo para o negativo.
Posteriormente, Chaib faz uma breve
retomada histórica na qual revela que na época que Ampère descobriu tais fatos
não se conhecia elétrons, e não se supunha, também, que em uma corrente
metálica geralmente somente as cargas negativas se deslocam em relação ao
condutor. Porém, o autor nos mostra que, apesar de hoje termos conhecimentos
muito mais aprofundados (como os ditos a cima) o sentido adotado é o que Ampère
designou para seus experimentos.
Em seguida ele explica que uma das grandes descobertas de Ampère se
deu pelo fato de ele colocar uma espécie de bússola perto da corrente elétrica,
a qual indicaria o sentido e a direção da corrente elétrica, a fim de comprovar
sua existência, pois até aquele momento só havia aparelhos que mediam a
intensidade da tensão. O funcionamento dessa bússola se dá da seguinte maneira:
“Enquanto
existir qualquer interrupção no circuito, a agulha imantada permanece na sua
situação ordinária [ao longo do meridiano magnético]; mas ela se afasta desta
situação logo que a corrente se estabelece, tanto mais quanto maior for a
energia [da pilha], e ela nos fornece a direção [da corrente] de acordo com
este fato geral: [...] o polo austral da agulha ´e levado para a esquerda da
corrente que age sobre a agulha”.
A esse instrumento que mede a direção, intensidade e
sentido da corrente elétrica, Ampère deu o nome de “galvanômetro”, o qual, por
sua vez, só chegou a ser construído por Nobili. Chaib prossegue os parágrafos seguintes se aprofundando extremamente na
construção e funcionamento do galvanômetro. Para compreender estes parágrafos,
há a necessidade de um conhecimento aprofundado em campo magnético da Terra,
magnetismo e eletromagnetismo. Finalizando o subcapitulo com um comentário de
Ampère sobre os temas designados a cima, concluindo que a agulha imantada assume uma direção
constante do Sul ao Norte (devido à presença do magnetismo terrestre), mas
quando submetida a uma corrente elétrica, com o eixo desta agulha perpendicular
a ela, a agulha gira de modo que seu polo austral seja levado à esquerda da
corrente.
Bibliografia:
·
CAVALCANTE,
Kleber. Experimento de Oersted.
Disponível em:<http://www.brasilescola.com/fisica/experimento-oersted.htm>
Acessado em: 24/05/2013.
·
CHAIB,
João. Análise do significado e da evolução do conceito de força de Ampère,
juntamente com a tradução comentada de sua principal obra sobre eletrodinâmica.
Disponível em:< http://webbif.ifi.unicamp.br/tesesOnline/teses/IF90.pdf>
Acessado em: 22/05/2013.
Obrigado pelo comentário!!! Espero que tenha lido o livro que esta tese gerou e que ganhou o 54 prêmio jabuti!!! Lá acrescentamos a parte de controvérsias, esta parte não foi apresentada na tese.
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